Projeto Entre Águas Amazônicas realiza 1ª oficina com produtores familiares na Ilha do Tarará, no Médio Solimões

Publicado em:  3 de outubro de 2025


Desenvolvida em parceria entre o INPA e o Instituto Mamirauá, a atividade também envolveu estudantes do Centro Vocacional Tecnológico (CVT) do Mamirauá.

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Entre os dias 29 de setembro e 2 de outubro, o Instituto Mamirauá, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), realizou a 1ª Oficina de Capacitação em Agricultura Orgânica, voltada a estudantes do Centro Vocacional Tecnológico (CVT) e a produtores familiares de Tefé. A iniciativa reforça os benefícios sociais, ambientais e econômicos da produção orgânica e agroecológica na região.

A oficina contou com 51 participantes, sendo 32 estudantes do CVT, 14 agricultores e lideranças das comunidades Santa Cruz, Santa Clara e Santa Maria, na Ilha do Tarará, além de cinco técnicos da região de Tefé.

Com aulas teóricas e práticas realizadas no Instituto Mamirauá e na comunidade Santa Maria, o curso foi ministrado pelo Programa de Manejo de Agroecossistemas (PMA) do Instituto Mamirauá, em conjunto com os professores do INPA, Dr. Reinaldo J. Álvarez Puente, e o técnico Valzenir Antônio de Albuquerque.

Com o objetivo de apresentar aos estudantes e aos produtores familiares a importância da agricultura orgânica e de suas técnicas, o curso abordou temas como princípios agroecológicos, adubos orgânicos, defensivos naturais e manejo do bananal, com ênfase na multiplicação do rizoma para obtenção de mudas. Durante a oficina, foram realizadas aulas práticas sobre compostagem, produção de biofertilizantes e técnicas sustentáveis para a produção acelerada de bananas.

“Colocamos em uma das aulas práticas o cultivo do fruto mais consumido do mundo e também muito presente na região: a banana. Trouxemos a tecnologia que aplicamos em Cuba, onde utilizamos a divisão do caule da planta para germinarem várias mudas. Com essa técnica, aliada ao uso de defensivos naturais, as mudas nascem saudáveis, bonitas e em grande quantidade”, explica o Dr. Reinaldo Álvarez, professor do INPA.

                                                                         

As comunidades – As três comunidades desempenham um papel importante na produção agrícola pois são importantes fornecedoras de hortaliças para cidade de Tefé e entorno". Um dos organizadores da oficina, vinculado ao projeto Entre Águas Amazônicas, Nicolas Calderon, destaca a importância da iniciativa para essas comunidades.

“É a primeira vez que estamos aqui e, por meio do projeto Entre Águas Amazônicas, estamos dando um grande passo para que as três comunidades possam adotar práticas de produção orgânica e sustentável e, quem sabe, futuramente, conquistar suas certificações e o selo de produtores orgânicos”, pontua Nicolas.

As comunidades deverão continuar recebendo atividades e oficinas sobre produção orgânica e vagas para participarem do CVT pelo projeto Entre Águas Amazônicas, impactando positivamente suas produções e a qualidade de vida local. Entre os participantes que abraçaram a iniciativa está o agricultor Janderson Ribeiro, morador da comunidade Santa Maria, que destaca a importância das atividades. 

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“Esses aprendizados vão trazer melhorias para nossa produção, tornando-a mais limpa e saudável, e qualificando nossos produtos tanto para a comunidade quanto para o consumidor final”, destaca Janderson.

Estudantes do CVT – Participaram das atividades os estudantes do Centro Vocacional Tecnológico (CVT) do Instituto Mamirauá, que tem como foco a capacitação e o aperfeiçoamento técnico de jovens produtores rurais e extrativistas  de recursos naturais da Amazônia. A oficina contou com estudantes da região do Médio Solimões, costa paraense e Amapá, que vivenciaram as atividades como um intercâmbio de saberes e imersão prática em campo.

Para os alunos do CVT, o coordenador do programa, Sandro Regatieri, explica a importância da participação nas atividades:
“É fundamental que eles compreendam a produção orgânica tanto na teoria quanto na prática. Esse intercâmbio é muito positivo, pois permite que eles vejam como as atividades são realizadas de fato e levem essas experiências para seus territórios”, explica.

A atividade também contou com a participação de pessoas já experientes em práticas de produção orgânica, como o caso de uma técnica em agroecologia e aluna do CVT, que participou em busca de aprimorar seus conhecimentos e aprender novas técnicas.

“Graças a iniciativas como esta, hoje, junto da minha comunidade, a Comunidade da Missão, já conquistamos nossos certificados e o selo de produtores orgânicos. Com isso, conseguimos produzir alimentos de qualidade”, explicou Gerlane Gomes, em agradecimento aos envolvidos na oficina e diante dos estudantes e comunitários de Santa Maria.

 

Parcerias e apoio nas práticas sustentáveis

 

A realização da primeira atividade na Ilha do Tarará contou com financiamento do projeto Entre Águas Amazônicas, junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM). A ação foi coordenada pelo Instituto Mamirauá em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), por meio do projeto “Apoio ao Desenvolvimento de Sistemas Orgânicos de Produção para Agricultores Familiares do Amazonas”, coordenado pela professora Sônia Alfaia.

A coordenadora do Programa de Manejo de Agroecossistemas do Instituto Mamirauá, Fernanda Viana, destaca a importância da integração entre projetos e programas dentro das comunidades ribeirinhas e indígenas da Amazônia, ressaltando que essas iniciativas são fundamentais para o desenvolvimento sustentável em diversos territórios amazônicos.

“Estamos atuando fortemente nessas regiões do Médio Solimões para fortalecer a produção orgânica e agroecológica. É importante unirmos esforços com essas ações, pois é por meio delas, que poderemos potencializar a multiplicação de saberes. São atividades que melhoram a qualidade de vida dessas comunidades e do entorno”, pontua a coordenadora.

 

Sobre o projeto “Entre Águas Amazônicas”

 

“Entre Águas Amazônicas” é um projeto que atua em cerca de 4,8 milhões de hectares, distribuídos entre unidades de conservação, terras indígenas, áreas ribeirinhas e outras áreas produtivas nos estados do Pará, Amazonas e Amapá.

Seu objetivo é fortalecer a gestão participativa dos recursos naturais para promover o desenvolvimento sustentável, conservar a biodiversidade, manter os estoques de carbono, a preservação florestal e melhorar as condições de vida de comunidades tradicionais.

O projeto também atua na melhoria e na recuperação dos ecossistemas de várzeas e mangues, que estão entre os mais ameaçados da Amazônia. Por serem áreas úmidas, essas regiões são fundamentais tanto para as populações locais quanto para o equilíbrio do planeta e, para garantir a manutenção e conservação desses ambientes, são promovidas ações de capacitação, desenvolvimento de planos de manejo, monitoramento e fortalecimento de governança.

O projeto “Entre Águas Amazônicas” conta com financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), execução pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e implementação pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), tendo como organização executora o Instituto Mamirauá, que vem realizando ações e atividades do projeto em todos os seus estados de atuação.

 

 Texto: Tácio Melo

Fotos: Tácio Melo 

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